terça-feira, 20 de maio de 2008

Diário de Notícias 11-05-08

O recolher obrigatório da bilhardice
Postos de bilhardice encontraram-se no Teatro baltazar Dias
Data: 11-05-2008

O 'Estado de Sítio' próprio das noites de sábado levou ontem ao recolher obrigatório dos 'Postos de Bilhardice', como medida preventiva contra males maiores.

Isto mesmo explicou ao DIÁRIO o artista plástico Ricardo Barbeito, que falou da necessidade de proteger os postos da 'ventania' que invade a cidade, movida pela euforia própria da febre de sábado à noite.

Os postos, da tão madeirense bilhardice, são parte integrante de um projecto multidisciplinar de arte pública efémera, happening/instalação. Inspirados na arquitectura civil da Madeira estiveram durante uma semana na Avenida Arriaga, em diversos pontos estratégicos, que definiram um trajecto até à instalação principal no Salão Nobre do Teatro Municipal Baltazar Dias. Seis dias em que foram alvo da intervenção pública e do público, que escreveu mensagens, colou fotografias, desenhou, abriu e fechou persianas. Seis dias que transformaram os "postos de bilhardice" vermelho vivo numa mescla de letras brancas, azuis, pretas. Mensagens, desabafos, desejos, vontade de rir, pretextos, e traduções livres de "bilhardice" para diversas línguas.

Tudo isto terminou ontem ao fim da tarde. Os postos, transportados pela força de vários braços, percorreram toda a Placa Central até junto da instalação mãe. Reunidos no átrio do Teatro Municipal Baltazar Dias, ali ficaram para, como explicou Ricardo Barbeito, cumprirem uma nova função: "ficarem a postos para ouvirem as conversas no intervalo da peça 'Elas sou eu'." Com o 'recolher obrigatório" dos postos de bilhardice recolheram-se também mensagens e intervenções da cidade, que ao longo desta semana mataram saudades desse velho hábito madeirense da bilhardice. A bilhardice assim exposta na placa mais central da cidade. A bilhardice a recolher mensagens, a fazer esquecer o 'sms', subitamente substituído pela caneta e o giz. A 'exposição-mãe' ainda pode ser hoje visitada, num projecto que pretende chamar a atenção para as especificidades do quotidiano regional, no que diz respeito à cultura, à linguagem, e à conjuntura artística actual, e que abarca aspectos relacionados com diferentes áreas do saber, aglutinadas numa linguagem artística que visa a reflexão, a ironia, a questionação e a crítica, em relação a um dos aspectos mais característicos do Homem como ser social - a comunicação.

Raquel Gonçalves

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